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Jovem torturada em favela registrou ameaça de ex-namorado meses antes de morrer

Seis meses antes de ser torturada por traficantes da favela Faz Quem Quer, em Rocha Miranda, a jovem Rayssa Christine Machado de Carvalho Sarpi, de 18 anos, fez um registro de ocorrência por ameaça contra um ex-namorado. Ela procurou a 29ª DP (Madureira) no dia 31 de março deste ano e também relatou ter sido agredida pelo rapaz, que já respondeu por receptação anos atrás após ser detido conduzindo um carro roubado. Rayssa morreu na última sexta-feira, seis dias depois da sessão de espancamento, registrada em vídeo pelos criminosos.

De acordo com a polícia, esse ex-namorado não tem passagens por envolvimento com o tráfico de drogas na região. O registro de ocorrência sobre as ameaças encontra-se, no momento, com um pedido de arquivamento. Mesmo assim, o rapaz será convocado pelo delegado Marcus Antônio Neves, titular da 40ª DP (Honório Gurgel), que investiga a tortura seguida de morte da jovem, para prestar esclarecimentos.

— A primeira etapa foi concluída com a identificação de quatro traficantes da Faz Quem Quer que participaram da tortura, todos membros da facção criminosa que atua na favela. Agora, continuaremos com outros aspectos da investigação — explicou o delegado.

O inquérito será remetido ao Ministério Público com os pedidos de prisão preventiva dos quatro suspeitos ainda essa semana. Eles serão enquadrados nos crimes de associação para o tráfico e tortura seguida de morte, cuja pena pode chegar a até 16 anos de reclusão.

Entre os quatro homens já identificados como autores da tortura, um é apontado como gerente do tráfico na Faz Quem Quer. Dois deles estariam refugiados na Serrinha, favela situada no bairro vizinho de Madureira também frequentada por Rayssa. A jovem ia ainda a bailes funk no Morro do Fubá, outra comunidade próxima, essa comandanda por milicianos. Uma das hipóteses é a de que ela tenha sido agredida pelos traficantes por ter se envolvido amorosamente com um PM.


Confira ao vídeo clicando aqui

Encontrada por um tio

Rayssa foi encontrada muito ferida por um tio, às 8h do dia 20, na Rua Paula Viana, onde fica um dos acessos à Faz Quem Quer. Na noite anterior, uma sexta-feira, ela havia saído da casa onde morava com a mãe, o padrasto e os irmãos rumo a um baile funk na favela. Lá, acabaria brutalmente agredida. A filmagem que mostra a sessão de espancamento foi compartilhada inúmeras vezes em redes sociais.

— Achei a Rayssa com os olhos inchados, cheia de hematomas na cabeça e pelo corpo todo. Ela parecia desnorteada. Chegaram a cortar o couro cabeludo dela para escrever a sigla de uma facção — contou o tio, emocionado: — Agora a gente só quer justiça.

De imediato, com a ajuda de bombeiros, o parente conduziu Rayssa ao Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes. A assessoria da Secretaria estadual de Saúde informou que a jovem passou por tomografia computadorizada e radiografia na mão esquerda. Como os exames não apresentaram alteração ou fratura, ela recebeu suturas e curativos. Após ficar em observação por algumas horas, teve alta.

Ao longo da semana, Rayssa seguiu sentindo muitas dores, inclusive na cabeça. Na manhã de sexta, seis dias após as agressões, os sintomas pioraram. À noite, ela foi levada novamente ao Carlos Chagas, onde — ainda de acordo com a Secretaria de Saúde — já chegou em parada cardiorrespiratória. Ela foi enterrada na tarde do último domingo, no Cemitério do Caju. o delegado Marcus Neves também vai apurar uma eventual falha do hospital que fez o primeiro atendimento.

— Estamos só aguardando o resultado do laudo, para saber a causa da morte — disse.

Tortura também em São Gonçalo

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra uma outra cena de tortura, dessa vez em Mutuapira, São Gonçalo. Um jovem, suspeito de roubar uma caixa de munição, é agredido por dois traficantes. Um dos agressores, identificado como Silas Albino de Souza, de 18 anos, foi preso nesta terça-feira pela polícia. O outro ainda está sendo investigado.


Fonte: http://extra.globo.com

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