Quando o namoro começou, em 16 de julho de 2008, Rodrigo tinha 13 anos; Gabriella, 11. A mãe da garota trabalhava na casa de um vizinho dos pais dele, enquanto Gabriella era babá em um apartamento no mesmo prédio desde que tinha 9 anos.
A proximidade dos dois não se dava apenas por isso. Gabriella, natural de Aracaju (SE), e Rodrigo, soteropolitano, moravam em Pernambués desde crianças. A história do casal teve o último capítulo ontem quando os dois foram enterrados depois que Rodrigo matou, no último sábado, seu amor de infância.
Rodrigo Costa Magalhães, de 19 anos, chegou por volta das 13h30 de sábado ao pátio de um prédio na Rua Lamarão, em Pernambués, onde funcionam empresas, entre as quais a do pai dele, a Central dos Balões. Gabriella de Jesus Santos, 18, carregava duas sacolas de papelão com objetos de higiene pessoal e um tablet, quando foi surpreendida por Rodrigo, que a esfaqueou 29 vezes.
A maior parte dos golpes atingiu a estudante no peito e no abdome, mas também havia marcas nas costas, no pescoço, nos braços e nas mãos. De acordo com registro do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a perícia indica que os últimos golpes, nas mãos e nos braços, ocorreram enquanto ela tentava se defender.
Segundo depoimento de um morador da região, que não quis se identificar, após ouvir os gritos da estudante, um vizinho, que é policial, atirou para o alto na tentativa de assustar o rapaz, que fugiu. O Samu foi acionado, mas ela já estava morta.
Após matar a namorada, Rodrigo fugiu com o carro da empresa do pai, uma Chevrolet Montana, placa JRW-4690. Deixou para trás as sandálias e a arma do crime: uma faca branca de açougueiro. Porém, cerca de duas horas depois do crime, Rodrigo também estava morto.
Na fuga, de acordo com informações da 1ª CIA da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), o jovem furou um bloqueio policial - que é comumente montado no km 51 da rodovia BA-099, a Estrada do Coco.
Cinco quilômetros à frente, entre Praia do Forte e Imbassaí, bateu em outros dois carros: uma Renault Sandero e uma Ford Ranger. Antes mesmo que a PRE se deslocasse para persegui-lo, ocorreu a batida. Sete pessoas ficaram levemente feridas e todas elas, inclusive Rodrigo, foram levadas ao Hospital Geral de Camaçari . Ele ficou preso às ferragens do carro e morreu.
“O pai dele, quando chegou no trabalho e reconheceu a nora, ligou desesperado para o filho e pediu que ele se entregasse, dizendo que ia ajudá-lo. Mas Rodrigo disse que não ia voltar e disse que ia se matar”, contou um vizinho que pediu anonimato. “Ele era um menino tranquilo, super meigo. Uma fatalidade”, lamentou um tio do jovem que também não quis se identificar.
Choque
Na tarde deste domingo, durante os sepultamentos dos jovens, e pela manhã, no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, os mais próximos ainda tentavam entender o que tinha acontecido. Amigos do casal contaram que os dois namoravam há cerca de seis anos e que cresceram juntos. Segundo o padrasto da estudante, José Bispo da Silva, Gabriela trabalhava como babá no mesmo prédio onde Rodrigo morava e dormia no emprego . “Ele frequentava a casa da nossa família e era um rapaz tranquilo e querido por todos. Na casa dele também ela era tida como uma filha”, disse o padrasto.
“Ela era uma pessoa excepcional. Foi criada com a gente”, disse entre lágrimas um funcionário da Mercearia do Juvenal e amigo da mãe de Gabriella. Ela trabalha há cerca de 13 anos como doméstica para o dono do estabelecimento. “Rodrigo era muito calmo e tranquilo. Só Deus para explicar o que aconteceu”, completou emocionado sobre o namorado de Gabriella.
Ciúmes
Apesar de se mostrar tranquilo, há relatos de que Rodrigo tinha ciúmes dela. Na ocorrência policial, uma das quatro irmãs da garota contou à delegada Jamile Hage, que Rodrigo era ciumento e que o namoro sempre foi muito conturbado por conta disso. Ela não soube dizer se a irmã já tinha sofrido ameaças de morte, mas contou que Rodrigo falava que se mataria, caso o namoro terminasse.
Segundo conhecidos do casal, o namoro havia terminado há alguns meses e Rodrigo, aparentemente, estava inconformado. A melhor amiga dela, Stefanie Luane Assunção, disse que o estudante não aceitava o fim do relacionamento e vinha perseguindo a ex- namorada.
“Eles tinham terminado, mas ele não aceitava e ficava ligando, perseguindo ela. Não acreditei na minha amiga quando disse que tinha medo que ele pudesse matá-la. Ninguém levou a sério, nunca imaginamos que ele seria capaz de nada”, disse a jovem, aos prantos, durante o velório no Cemitério do Campo Santo, na Federação.
Fonte: ibahia.com
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