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Fonte: Diário do Nordeste |
A rãzinha-de-Maranguape (Adelophryne maranguapensis), encontrada exclusivamente no Ceará, corre sério risco de extinção.
Pesquisadores cearenses temem que essa espécie não sobreviva antes mesmo de se descobrirem os potenciais benefícios da sua pele para áreas como a farmacêutica.
Neste momento, contudo, a prioridade é proteger esse anfíbio, endêmico do Pico da Rajada, na Serra de Maranguape, além do combate ao fungo que o ameaça e na contabilização precisa de sua população.
Durante seus dois anos de mestrado, o pesquisador Victor Lucas Morais Rodrigues, do Programa de Pós-Graduação em Sistemática, Uso e Conservação da Biodiversidade (PPGSis) da Universidade Federal do Ceará (UFC), identificou um microrganismo inédito no Estado, presente na pele da rãzinha-de-Maranguape, entre outros achados.
Em reconhecimento à importância da pesquisa para a preservação da espécie, o estudo recebeu aprovação para financiamento pela Rufford Foundation, uma instituição inglesa dedicada ao apoio de projetos de conservação da biodiversidade.
Atualmente, a rãzinha é classificada como “criticamente em perigo” tanto em âmbito nacional quanto internacional.
“Outro fator importante foi que nenhum indivíduo apresentou infecção pelo fungo Batrachochytrium dendrobatidis (Bd), o que é uma boa notícia, especialmente considerando a vulnerabilidade da espécie. Além disso, o estudo ressalta a importância de manter o equilíbrio dessa comunidade microbiana, já que alterações (desbiose) podem comprometer a saúde dos animais e torná-los mais suscetíveis a patógenos”, observa.
“Também encontramos bactérias com potencial atividade anti-Bd tanto na pele quanto nas bromélias, o que pode atuar como uma barreira natural à infecção por esse fungo”, completa. Essa descoberta é inédita para essa espécie, embora já tenha sido relatada em outros anfíbios.
A próxima fase da pesquisa será aprofundar a investigação desse microbioma, buscando uma compreensão mais abrangente de seu funcionamento para obter informações relevantes para auxiliar na preservação da rãzinha e de seu habitat.
“Os anfíbios em geral são muito importantes na natureza, pois se alimentam de insetos, auxiliando no equilíbrio de pragas e na cadeia trófica. Essa espécie, presente na região do Pico da Rajada, uma área de ocupação de 5 km² situada a pelo menos 800 metros de altitude, também contribui para esse equilíbrio”, detalha.
Segundo a pesquisadora, as mudanças climáticas, como o aumento da temperatura, e a retirada da vegetação representam fatores de risco para a extinção da espécie.
Rodrigues acrescenta que a presença de um fungo (btrachochytrium dendrobatidis, Bd), causador da quitridiomicose – doença que ameaça populações de anfíbios globalmente –, também contribui para esse cenário de extinção.
Neste momento, contudo, a prioridade é proteger esse anfíbio, endêmico do Pico da Rajada, na Serra de Maranguape, além do combate ao fungo que o ameaça e na contabilização precisa de sua população.
Durante seus dois anos de mestrado, o pesquisador Victor Lucas Morais Rodrigues, do Programa de Pós-Graduação em Sistemática, Uso e Conservação da Biodiversidade (PPGSis) da Universidade Federal do Ceará (UFC), identificou um microrganismo inédito no Estado, presente na pele da rãzinha-de-Maranguape, entre outros achados.
Em reconhecimento à importância da pesquisa para a preservação da espécie, o estudo recebeu aprovação para financiamento pela Rufford Foundation, uma instituição inglesa dedicada ao apoio de projetos de conservação da biodiversidade.
Atualmente, a rãzinha é classificada como “criticamente em perigo” tanto em âmbito nacional quanto internacional.
Quais foram os achados da pesquisa
De acordo com Rodrigues, embora a rãzinha-de-Maranguape, um anfíbio bromelícola (cuja reprodução depende das bromélias), possua um microbioma próprio, notou-se a sobreposição com os microrganismos presentes na água e nas folhas dessas plantas, sugerindo uma intensa troca entre esses ambientes.“Outro fator importante foi que nenhum indivíduo apresentou infecção pelo fungo Batrachochytrium dendrobatidis (Bd), o que é uma boa notícia, especialmente considerando a vulnerabilidade da espécie. Além disso, o estudo ressalta a importância de manter o equilíbrio dessa comunidade microbiana, já que alterações (desbiose) podem comprometer a saúde dos animais e torná-los mais suscetíveis a patógenos”, observa.
“Também encontramos bactérias com potencial atividade anti-Bd tanto na pele quanto nas bromélias, o que pode atuar como uma barreira natural à infecção por esse fungo”, completa. Essa descoberta é inédita para essa espécie, embora já tenha sido relatada em outros anfíbios.
A próxima fase da pesquisa será aprofundar a investigação desse microbioma, buscando uma compreensão mais abrangente de seu funcionamento para obter informações relevantes para auxiliar na preservação da rãzinha e de seu habitat.
Por que a espécie é importante
A professora da UFC Denise Hissa, orientadora da pesquisa, ressalta a função ecológica da rãzinha.“Os anfíbios em geral são muito importantes na natureza, pois se alimentam de insetos, auxiliando no equilíbrio de pragas e na cadeia trófica. Essa espécie, presente na região do Pico da Rajada, uma área de ocupação de 5 km² situada a pelo menos 800 metros de altitude, também contribui para esse equilíbrio”, detalha.
Segundo a pesquisadora, as mudanças climáticas, como o aumento da temperatura, e a retirada da vegetação representam fatores de risco para a extinção da espécie.
Rodrigues acrescenta que a presença de um fungo (btrachochytrium dendrobatidis, Bd), causador da quitridiomicose – doença que ameaça populações de anfíbios globalmente –, também contribui para esse cenário de extinção.
Quais serão outros benefícios da rãzinha
Conforme o pesquisador Rodrigues, ainda é prematuro considerar o potencial de uso da pele da rãzinha para determinadas finalidades. Contudo, não se descarta a possibilidade de o animal contribuir socialmente de outras maneiras, além de sua função ecológica no bioma.“Quando falamos sobre microrganismos, sabemos da existência de um potencial farmacológico muito grande. Nosso objetivo primário é investigar como utilizá-los para combater a doença que afeta a espécie, mas não descartamos a possibilidade de encontrarmos algo que seja benéfico para a humanidade de forma geral”, observa.
A professora Hissa reitera que ainda é cedo para essa discussão e frisa a importância da preservação do anfíbio.
“Há uma gama de setores industriais aos quais esses estudos podem agregar valor, mas não temos como afirmar isso agora, pois a pesquisa está em sua fase inicial. O que sabemos é que se trata de uma espécie em perigo; ou seja, se não tivermos cuidado, sequer conheceremos todos os potenciais que ela pode nos trazer”, enfatiza.
Para garantir a preservação da rãzinha-de-Maranguape, sublinha Hissa, é fundamental o suporte da comunidade local, incluindo o governo e diversas instituições. Além do financiamento da Rufford Foundation, o estudo de seu aluno desenvolve-se no PPGSis/UFC e conta com o auxílio dos laboratórios de Recursos Genéticos (Largen/UFC) e de Ecologia Microbiana e Biotecnologia (Lembiotech/UFC).
Fonte: Diário do Nordeste
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